segunda-feira, 6 de abril de 2009

Do que está fora...e do que faz dentro.


Puxaram o tapete da ideologia.
E ela caiu de forma elegante…mas foi embora, em meio a muitas lagrimas, deixando uma grande sensação de vazio.
Deixando não....mostrando-o.

Lá é tudo oco.
Pediu ajuda ao Apoio para encaixotar seus pertences..mas ainda não foi buscá-los.
Numa empresa fruto de um período ditatorial, fundada com dinheiro dos Estados Unidos talvez isso não devesse ser uma surpresa.

Mas o peixe vendido é outro.
Por muitas vezes eu achava que o que ouvia era balela mas hoje soube que não...foi exatamente por querer que o H de humanos fosse maior que o R dos Recursos limaram o grande cara.
Parece que ele não estava de acordo com a nova onda de demissões que está por vir e também não estava de acordo com a primeira (fora outras coisas que deixou de fazer por serem contra os valores que tinha dentro de si).
O brilho dos olhos se apagou.
Daí eu penso (depois de muito fritar) no que fazemos da nossa existência e o que podemos fazer com ela.
A possibilidade de poder fazer mais por um grande numero de pessoas, por estar em uma grande organização não existe pois não resulta em lucro.
O desenvolvimento não é prioridade.
As ações sociais são maquiagem.
Não tem verdade.
Não em sentido,
Agora, tem saudade e desesperança.
O H la dentro se mostrou sem valor nenhum.
E eu sou parte disso.
Volto à questão da existência, agora a minha.
A busca pelo belo e o reflexo do homem nele, o que revela cada período, cada traço, o uso da cor, o movimento, a luz....
Que merda eu faço com isso?
De que vai me servir alem de alimentar a alma que depois, logo depois, vomita e passa fome pela fome abandonada na calçada....
Pelo oco das relações...
Pelos jogos de internet e de interesse...
Pela não-construção do outro...
Sou uma operaria em desconstrução, sinto-me ruindo a cada dia e não sei onde isso vai me levar...não consigo me situar onde estou nem o que posso fazer com esse corpo magro e essa mente tão bagunçada quanto meu guarda-roupa.

Quero fazer algo...salvar alguem....
Como o garoto que pediu um cigarro e ao ouvir o não, por que tive sim medo de abrir minha bolsa, disse que: “Tem que roubar mermo!”
Não é isso meu rapaz...perdão.
Me dói o medo do outro...
Na correria com o celular......as mãos doendo de tanto apertar o aparelho que pode, em segundos ser abduzido por outras mãos, mais leves.
No velinho sem pernas em frente ao Edifício Central, olhando os outros, que não olham, do chão.
No deficiente físico que vende isqueiro...
Na criança de infancia roubada pela desigualdade, vendendo bala...
“Toma um real e fica com a bala.”
“Não tia....leva ela por favor!” - A vontade de ir pra casa mostra-se maior do que o um real no bolsinho.
Na velinha sentadinha não chão sujo, pegando garoa, agarrada à sacolas plásticas que contém sua vida....
Pra que serve a arte nessa hora?
Nesse momento, na entrada do metro da Carioca ela serviu pra chorar: frente a aplicações de estêncil, jateadas com spray preto, laranja e verde eu vi: vida de gado - uma cabeça de vaca engravatada....
Somos nós: milhares de pessoas que não se olham não se tocam e não se vêem...nem a si próprio.
Desespero...
Alguém pode tirar essas mãos da minha garganta?
Elas querem me enforcar....
Quero fugir desse caos...
Panela de pressão que explode, desabamento de construção antiga, resgate da senhora, atônita, que mal andava...transito parado.
Os bombeiros não tem água pra apagar o fogo: ela está acabando.
Deus abençoa e manda um pé d’água.
Foi bonito ver o alivio dos bombeiros, levantando lentamente, ao lado da bomba que, inútil, tentava puxar água do bueiro...
Enquanto isso, na mina de extração de minério, o estupro atinge o lençol freático e a água mais pura da nossa terra é bombeada para molhar a estrada e levantar menos poeira.
Hoje não quero respirar puxando o ar pela boca com biquinho, olhando pra ponta do nariz, expirando com som...não quero sentir do que é feita essa pedra no meu peito.
Quero só que ela se vá...

E por que eu NÃO consigo falar...........pedir ajuda?

Estou pequena....
Me tira daqui.....por favor...