quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O fim, parte III

E a moça gritava:

- Era isso o tempo todo!!!!

Por isso se escondia e, principalmente, a escondia do mundo!

Mas vejam só, como pode um ser humano fazer isso, é um crime!!!!

- Há uma lei para isso! Está na constituição: "é inconstitucional manter um amor aprisionado".
Sem dizer que, depois de estourados os escandalos sobre as épocas de ditadura, a tortura também passou a ser considerada crime (e dos brabos - sussurando), do tipo dos hediondos.

Daqui hoje se pode ver, Menina Mara, que apos um longo período de hibernação - por que ela fica funcionando no stand by e um belo dia algo (ou alguem) a acorda do transe e ela percebe que sim, dormiu todo esse tempo - por não poder suportar a realidade do real, que é neste momento ficar sem o tal Paulo Henrique Albuquerque Hernando (a pessoa que escondia e escondia coisas dela, a do primeiro paragrafo): como ja disse o tao querido Samuel Rosa," improvavel e impossível".

Ok, ele disse isso falando sobre "ver e nao querer", mas foi exatamente por ter te visto que tudo se esculhambou dentro - e fora da Mara em questao.

Mas daí minha gente amiga, quis o destino que 12 graus de miopia fizessem diferença...de uma distancia media ela pode ver o que seu coração já sentia...

E daqui se via tudo, e se podia sentir também.

Pois bem, depois do que seus olhinhos viram, todos aqueles mini simbolos e caracteres que sua retina rapidamente jogou para seu cérebro; Ainda de ponta cabeça, antes mesmo da mensagem chegar ao setor da decodificaçao, o sentido se fez - nu e cru - por um braço que se moveu bruscamente para tras na tentativa inutil de esconder o que acabara de ser explanado.

Cara de taxo, decepção.

O registro da mentira que o tal do Paulo Hernando nao contou havia simplesmente se revelado através de uma tela luminosa ridícula...
Cor de abóbora.

HOMEM FROUXO!!!

- Com licença ... - ela diz pra si mesmo, num pensamento alto

Ele, acaba participando por estar ali e não ser surdo.
Eu, ouço por que mantenho meus ouvidos atentos:

- ... Tenho que subir. Vou me jogar do setimo andar.
Dos fundos - emenda o soneto - pois tenho requinte ate na hora de pensar em suicídio: quero algo rápido, clássico (se jogar da janela é realmente classico, nao?) e discreto (isso explica ir pros fundos, chama menos atenção)

Xiiiii......


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sonoplastia ou, Suaplastia

Inflamado em mim
Latente
Sentidos retrazem:

Batidas da tua caixa
Sopro quente
Ar, das suas vias...

Plastia

Contorno dos teus labios
Todas as linhas
Vermelho que emana
Canela que exala

Tempero de puro sal
Agua
Na boca
Olhos
Entrepernas...





segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sá Menina

Sabe aquela forma de se referir a outro, muito usada pelos antigos e ainda hoje, nas localidades mais interioranas?

Numa dessa Sá Menina foi batizada.

Assim se fez num mal entendido, sua avó Olinda Rosa foi ao cartorio e, esquecida que era, num pensar alto antes de responder à pergunta do escrivão sobre o nome da criança disse: "....mmmm, saminina"

Não teve tempo de conlcuir o pensamento, o homem preencheu o documento à maquina de escrever, carimbou assinou entregou e gritou: "PRÓXIMO".

A velha Olinda Rosa não tinha nem cara pra falar à sua filha Tereza Rosa (Rosa - sim, o nome era composto), que tinha pedido o nome de Joana, um guerreira da qual ela ouvira falar um dia.

Documento nas mãos, criança no colo, Tereza Rosa Rosa seguiu os dias com sua Mãe Olinda e sua filha ex Joana, agora Sá Menina. Essa, abriu os olhos cedo; cedo falou, cedo andou, cedo cresceu.

Cresceu no sentido de espichar. Quem ainda ve a moça, hoje com seus 35 anos, diz que continua a mesma ...dentro e fora, aparentemente.

Tereza Rosa Rosa conta que a menina Sá tentou fugir de casa aos tres anos de idade.
Diante do nada infinito à sua frente, naquele interior seco e silencioso, Sá Menina passou aquela tarde sentada na soleira da porta, imaginando porque o Sol escolhia sempre a mesma montanha pra se esconder a noite...
(continua)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Maquina de escrever


Pedro Luís & A Parede

Composição: Mathilda Kovak e Luís Capucho

Meu coração é uma máquina de escrever
As paixões passam
As canções ficam
Os poemas respiram nas prisões
Pra ler um verso, ouvir, escutar
Meu coração falar
Até se calar a pulsação
Meu coração é uma máquina de escrever
No papel da solidão
Meu coração é
Da era de Guttemberg
Meu coração se ergue
Meu coração é
Uma impressão
Meu coração
Já era
Quando ainda não era
A palavra emoção
Mas há palavras no meu coração
Letras e sons
Brinquedos e diversões
Que passem as paixões
Que fiquem as canções
Nos poemas, nos batimentos
Das teclas da máquina de escrever
Meu coração é uma máquina de escrever
Ilusões
Meu coração é uma máquina de escrever
É só você bater
Pra entrar na minha história

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Capão Redondo, Literatura Periférica e o mais da Vida....

Depois de varios lindos (e frios) dias em na Periferia de São Paulo, "cá estoy en mi casa".
Estava morrendo de saudades das minhas plantas....nossa, como elas cresceram.

Acho que eu também cresci nesse tempinho.

Fomos eu e Tia Preta em busca de uma vivencia literária e certamente (por que sei que ela concorda) a tivemos, porém, não é a unica novidade na nossa "bagagem interna".

Pois bem, o primeiro Sarau que fomos foi no Bar do Binho, que rola às segundas-ferias.
O Binho é massa, como eles dizem. Começou há, aproximadamente, 15 anos o movimento literário que agora se espalha por varios pontos da Periferia.
Além do belo da poesia, do forte dos protestos, eles tem o pior pastel de Sao Paulo!
Nesse dia li um fragmento de Agua-Viva da Clarice, que (nossa!), significa muito pra mim.

Por conta de um desvio do destino, na quarta-feira tivemos o desprazer de não irmos à Cooperifa para termos o imensoooo privilegio de conhecer o Mucho e seu bar "da hora".
Nessa noite estávamos Tia Preta, Jonathan e Luan. Muitas idéias e informações fervendo meu cabeção e fazendo meu coração quase sair pela boca...rss

Na quinta, sarau da Fundão.
Esse foi demais. Um diferencial foi ver a galera da comunidade participando ativamente, não só lendo textos lindissimos de autores renomados como (e principalmente) compartilhando seus sentimentos e visao de mundo com sua propria poesia.
E muitas crianças. Nessa noite eu tinha levado um texto do Bartolomeu Campos de Queiroz que amo (!), do livro Indez, mas diante de toda aquela molecada resolvi contar a historia do Cocô.
Foi maravilhoso ver aqueles pequenos seres humanos rachando os biquinhos de tanto rir!
(Devo isso ao Sr José Matos, um grande contador de historias que conheci na primeira oficina que fiz com o Gregório. Ele contou essa historia tão maravilhosamente que nunca mais a esqueci).

No Panelafro dançamos Coco, vimos uma apresentação fortissima de umas danças afro meio ritualistas que nossa.....

Enfim....a outra novidade na bagagem interna veio da convivência com as pessoas da Periferia, além do circuito cultural; principalmente os amigos e a familia de Tia Preta.
Pessoas lindas, frágeis, doces, fortes, mas muitos lindas mesmo.

De simplicidade, de doação, de amor, de valores, de verdade ...de tudo.

Agradeço por ter sido contemplada com boas doses de esperança nesses dias.