segunda-feira, 30 de março de 2009

Do disseminar do Amor

"Era silencioso o amor. Podia-se adivinha-lo no cuidado da mãe enxaguando as roupas nas águas de anil. Era silencioso, mas via-se o amor entre seus dedos cortando a couve, desfolhando os repolhos, cristalizando figos, bordando flores de canela sobre o arroz doce das tigelas.
Lia-se o amor no corpo forte do pai, em seu prazer pelo trabalho, em sua mansidão para com os longos domingos. Era silencioso, mas escutava-se o amor murmurando - noite a dentro - no quarto do casal. A casa sem forro, deixava vazar esse murmúrio com o aroma de fumo e canela, que invadia lençóis e dúvidas, para depois filtrar-se por sobre as telhas.
Experimentava-se o amor quando, assentados ao calor da cozinha, pai e mãe falavam de distancias, dos avós, das origens, dos namoros, dos casamentos.
E, quando o sono chegava, para cada menino em cada tempo, era o amor que carregava cada filho nos braços para a cama, ajeitando o cobertor sobre o queixo."
Bartolomeu Campos de Queirós, Indez

Já ouvi muito nesta vida que é mais fácil “ser legal”, “paciente”, “carinhoso” com as pessoas de fora (como diz minha avó: “da rua”).
Experimentei muito disso nas ultimas férias: como quando não se conhece o outro fica mais tranquilo, sei lá, ser tranquila.
É verdade...
Mas é tão mais prazeroso praticar essa “tranquilidade”dentro de casa....ouvir a sua própria velinha durante o café da manhã.
Relembrar coisas de 23 anos atrás.
Chorar, rir e apertar pelancas.
Tanto gato se esfregando...
As compras com Irmão (e Luby), a limpeza, o fazer da comida: cortar a manga, lavar alface, agrião, “tocar uma” no pepino (pra tirar o leite que dá a acidez), ver teatro, deitar no chão, cosquinha de beijo no pescoço....abraço, carinho, família.
Foi muito gostoso o domingo, bem quentinho.
:)
Desde sábado.

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